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sábado, 26 de maio de 2012

Se minha vida fosse um filme



Se minha vida fosse um filme, eu me acordaria cedo, sairia de casa com milhões de livros nas mãos para pegar um ônibus lotado. Por simples vontade do destino você também estaria naquele ônibus. Ao descer do ônibus eu esbarraria em você e deixaria minha agenda cair. Em minha pressa para não chegar atrasado acabaria não percebendo e sairia correndo para a minha  aula.
Algumas horas depois, daria por falta da agenda, mas ai já seria tarde demais. Preocuparia-me pelo fato de que alguém agora teria acesso total aos meus mais sublimes pensamentos sobre o meu cotidiano de menino bobo. Provavelmente ficaria assustado com a mínima probabilidade que fosse de ser chantageado por alguém que por alguma acaso houvera encontrado a tal agenda. E por alguns segundos me sentira refém dos meus próprios anseios. Segundos depois um pouco mais tranqüilo, tentaria repensar sobre todo o trajeto que havia feito de casa até a Universidade e então, ao chegar ao momento em que eu me recordo de como desci do ônibus, eu me lembraria de você, eu me lembraria do seu rosto e talvez, seria nesse momento em que eu me apaixonaria por você, não exatamente por você, mas pela lembrança de uma pessoa estranha que por algum acaso esbarrei no ônibus. Passaria o resto do dia tentando lembrar-me de cada milésimo de segundo em que estive com você naquela manhã. Tentaria me lembrar  das cores, dos cheiros, da temperatura do ambiente...De qualquer coisa que pudesse me recordar daqueles ínfimos segundos.
Em casa, após o jantar o telefone toca e então, me recordo do ocorrido, corro para atender ao telefone. Atendo e a voz do outro lado perguntar:
 -José Augusto Leal?
 -Sim, sou eu...
-Hoje pela manhã encontrei uma agenda com seu nome dentro do ônibus, gostaria de te devolver.
 Sinto-me um pouco acuado e começo a me perguntar se a pessoa no outra lado do telefone teria lido as velhas paginas da agenda onde havia depositado todos os meus medos, sonhos e frustrações. Será que há essa hora algo sobre mim não estaria rodando pela internet? Será que meus pequenos segredos  tão guardados e protegidos como tesouros de um rei estariam agora acessíveis para todos?
Acabamos combinando de nos encontrarmos para que pudesse assim devolver-me a agenda. Cheguei ao local marcado e não encontrei ninguém, esperei por quase uma hora e quando resolvi me levantar para retornar para casa, eis que surge você. Era o mesmo rosto do ônibus, sorrindo lindamente com a agenda não mão. Conversamos um pouco sobre a vida e terminei por perguntar se havias lido alguma pagina amarelada da minha velha agenda. Você me diz que não e então, eu sorrio para você. Você olha pra mim e diz:
-Foi o mesmo sorriso que destes enquanto conversava com seus amigos no ônibus naquela manhã, e tenho que admitir que, eu não consegui me esquecer dele até agora.
Sentir-me-ia envergonhado ao ouvir você falar isso, mas terminaria admitindo que, eu também não havia conseguido esquecer o seu rosto. Você então me beijaria e os créditos do filme começariam a subir e então começaria tocar aquela velha canção feliz. Por fim teríamos toda uma eternidade pela frente assim como todos os personagens dos filmes que eu já vi... É que a vida deles, não acaba quando o filme termina, aquele é só o começo da história.
                     Jota Leal

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