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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Andrógino





Eu não mais o vejo verdadeiramente dentro de mim, e esses novos sentimentos difíceis de explicar. Eu, eu só preciso de mais um pouco de tempo. Ontem, você me ligou totalmente alterado e eu só queria mandar você ir se foder.  Uma parte de mim sempre se perguntou com eu poderia amar alguém que não sabe cuidar nem de si mesmo. Desculpa, mas eu te amei, eu te amei.

 As três horas da madrugada você me ligou dizendo que teria feito algo do qual se arrependeria para sempre, prometemos e fizemos juras. Será que eu poderia viver sem um motivo, sendo que toda noite você se deita do meu lado, beija o meu rosto e diz que me ama. Eu não posso fingir que isso basta por uma vida inteira.

     Naquela noite o homem que eu amei tornou-se um estranho, do jeito que o amor se decompõe tão lentamente nós seriamos apenas dois estranhos agonizando entre a multidão.
 Eu nasci na mesma noite que morri, e depois eu morreria novamente ao lembrar da merda que você fez. Eu poderia olhar nos teus olhos e agradecer.

     Eu não consigo viver assim, eu não consigo. Me perdoe mas eu não posso.

   Éramos algo além de nós mesmos, amávamos o que no fundo invejávamos? Eu só consigo enxergar aquela boca rosada abrir-se de encontro a minha, ouvindo o bater dos dentes, experimentando.

   Eu não chorarei novamente, pelo menos desta vez, porque toda vez que eu lembro da merda que você fez e das promessas que fizemos eu só penso em ligar pra você só para mandar você ir se foder.
  Não chorarei, pois desta vez partimos e aquele ser andrógino morreu. Eu já estou na segunda taça de vinho, desta vez não me peça para parar. Eu só preciso de um pouco de tempo.

Deveríamos nos esmagar toda vez que nos encontrássemos?  Deveríamos fazer amor com o nosso ego inflável? Nós estaríamos andando na corda bamba correndo risco de cair em cima de facas pontiagudas.
 Éramos tão antiquados, você preferia Roma a Berlim e eu odiava os calos em suas mãos. Nós poderíamos agir como idiotas adolescentes, pois meu coração já está completamente despedaçado, pois toda vez que nos encontramos naquela esquina eu moro um pouco.
   Eu adorava o jeito que você olhava o meu corpo depois que acabávamos de fazer amor, e a última coisa que consigo lembrar é dos seus olhos e aquele seu suspirar que me vazia tentar decifrar o que você queria dizer. Nós nos perdemos no meu do caminho, e talvez estejamos livres.
     Se tudo fosse um sonho ruim e você não tivesse feito aquela merda nós permaneceríamos cegos e fingiríamos que ainda nos amamos?

  Liberdade é algo tão difícil de se compreender. Liberdade é uma transa boa que me faz suspirar profundamente e por fim eu não sei se foi um simples orgasmo. Talvez, o meu melhor orgasmo.

Eu preciso de um pouco mais de tempo, eu já estou na quinta taça de vinho.

                                           Luciano Gomes

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