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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Espírito Meu



Agora que o inverno passou eu vejo tudo tão prata-por-te, não sobrou muita coisa para odiar além da presença deles. De fato, sinto-me um imigrante lusitano nessa nova realidade, é irônico quando depois de tudo sou eu a ovelha negra da família. Desde a semana passada você tem tido um domínio sobre mim, é algo psíquico, eu não tenho como controlar. 

   Não adiantaria eu resmungar é por isso que prefiro enxugar as minhas lágrimas ao som de Donatella, enquanto as enxugo e ponho um sembalhante tão falso que até Deus perceberia. Confesso a ti, eu sinto uma imensa saudade de mim, nada me resta além do exílio. 

  Sempre repito três vezes tudo que já vivi, inconcientemente revivo todas as minhas angústias de outrora. Eu não sou um sádico, não gosto de sofrer, aqueles que dizem que somos totalmente convictos de nossas escolhas são um bando de ingnorantes que não sabem o que é amar de verdade. É evidente que passo grande parte do meu tempo remoendo tudo que acontece ao meu redor, sou um bicho transparente, certamente eu queria ser imune como os sábios. Eu costumo olhar longas horas meu reflexo no espelho antes de te escrever, quando o escrevo não são somentes acontecimentos, é também autobiógrafo. Acredito, acredito que você já se perguntou o motivo de sempre escrever sobre minhas angústias, quase sempre dou a entender que sou um moribundo. É complicado entender a minha dor, se eu escrevesse um livro, ele seria um drama juvenil. 

 Eu sinto sua falta, meu grande amigo. Acredito que há décadas que não nos vemos, não é mesmo? Você é algo inteiramente igual ao que eu fui um dia, naquele tempo eu era inteiro. Gostaria de te escrever mais vezes, mas ando tão ocupado com os meus problemas que até fico meio sem jeito.

Apareça quando puder, espírito meu. Você sempre será bem vindo. 

                                                                                Luciano Gomes
             

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